sábado, 2 de outubro de 2010

Há 925 Milhões De Pessoas Com Fome Crónica No Mundo

O número global de pessoas com fome crónica ascende a 925 milhões, revela um relatório divulgado ontem pelo Fundo das Nações Unidas para a Agriculura (FAO). As boas colheitas e a descida do preço dos alimentos ajudaram a reduzir a marca dos mil milhões.
De acordo com os dados da FAO conhecidos em Roma, o número estimado de subnutridos em todo o mundo passou, num ano, de 1,02 mil milhões de pessoas para 925 milhões, ou seja, menos 98 milhões (9,6%). A maioria está localizada na Ásia e na África. Ainda assim, o número é "inaceitavelmente alto" e muito acima dos objectivos das Nações Unidas, cuja intenção é reduzir "dramaticamente" o número de pessoas com fome no planeta. "Com uma criança a morrer a cada seis segundos devido a problemas relacionados com a subnutrição, a fome continua a ser a maior tragédia do mundo - e é um escândalo", afirmou o director da FAO, Jacques Diouf.
Segundo a FAO, a estimativa mais baixa deste ano reflecte principalmente os efeitos dos progressos feitos pela China e pela Índia para alimentar as respectivas populações. Mais de 40% dos subnutridos do mundo vivem naqueles dois países. E cerca de dois terços estão no Bangladesh, Indonésia, Paquistão, República Democrática do Congo e Etiópia.
O relatório concluiu também que estas pessoas continuam subnutridas, porque os encontros de doadores promovidos pelas Nações Unidas revelam "um profundo problema estrutural que ameaça a capacidade de alcançar acordos internacionais para a redução da fome". Apesar disso, a meta é reduzir a proporção de pessoas com fome nos países em desenvolvimento de 20%, em 1990-92, para 10%, em 2015. No entanto, se as estimativas de 2010 se mantiverem, a proporção de famintos em 2015 será ainda de 16%. A meta internacional corre, portanto, "sério risco", sublinhou Jacques Diouf.
O director da FAO lançou, entretanto, uma campanha para incitar os líderes mundiais a tomar uma atitude firme e urgente contra a fome. Mais de meio milhão de pessoas já assinaram uma petição online, apelando aos políticos que façam da redução da fome a sua principal prioridade até o final deste ano.
Embora o ritmo possa ser mais brando do que o desejado, o crescimento económico nos países em vias de desenvolvimento está a contribuir para reduzir o número de pessoas com fome. "O preço interno e externo dos cereais caiu dos picos atingidos em 2008, reflectindo dois anos consecutivos de produções recorde". E, "apesar da produção estimada para 2010 ser mais baixa, a situação global é adequada".
No início do mês de Setembro, um perito da ONU em direitos humanos apelou aos governos para que cortem no preço dos alimentos, evitando a todo o custo a especulação, com a qual todo o trabalho feito ficaria perdido. E é justamente esse tema que foi debatido numa reunião no dia 24 de Setembro.

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